um anjo
aprendi a andar de bicicleta com 5 ou 6 anos
não demorou muito para que já conseguisse andar sem rodinhas. uma vez minha mãe levou meu irmão e eu na pracinha perto de casa que tinha uma pista. o começo era no início da praça, um lugar plano, mas a pista ia subindo e o fim era num lugar íngreme que dava em uma ladeira. antes do fim, ao lado direito, tinha uma pista de skate que ficava em um nível abaixo. entre a pista de skate e de bicicleta, um morrinho de grama e uma guia bem alta de pedra que tinha +/- meio metro. tinha mais crianças por ali e todos iam até o fim e voltavam, sem parar. por mais que tivesse aprendido a andar de bicicleta, uma coisa meu cérebro não permitia meu corpo fazer: curvas para direita. então eu me esforçava para subir um pouco a pista e virar para a esquerda, que era o ponto alto, na hora de descer. as vezes nao chegava nem ao fim da pista para nao me esforçar tanto, até que me questionaram e resolvi tentar fazer o contrário. dessa vez, iria virar para a direita. fui até o início, onde estavam as mães, e fiz o retorno para correr tudo novamente com o foco total na curva que daria no fim. mas não funcionou. o guidom fez uma curva de 90° e não virou mais, foi reto nessa direção. na hora, vendo quão alto eu estava, nem sequer cogitava a existência de um freio. foi um bjduubidu que só parou quando tive coragem de abrir o olho de novo e sentir o ferro da bicicleta no meu pescoço. a bicicleta foi com tudo descendo a grama e caí da mureta. estava toda estabacada no chão, mas incrivelmente não saía uma lágrima. meu irmão tinha brotado instantaneamente do meu lado e já tava aparecendo mais pessoas pra me tirar de baixo da bicicleta. pouco tempo depois, meu irmão veio me contar que tinha assistido tudo de longe e ficou com medo porque achou que eu fosse morrer. tadinho, nunca tinha o visto assim, ainda mais por não ter costume de estipular limites quando criava situações pra me encrencar.